Um grande amigo me comentou na semana passada que adora meus artigos “Fabi mesmo”, aqueles onde exponho as minhas ideias onde todos sentem a sinceridade, e não artigos baseados no artigo de outros. Gostei! Por isso vou tratar hoje desse gap: por que você não inova se você sabe que uma empresa precisa inovar para sobreviver? Vamos direto ao ponto.
Existem basicamente 5 motivos que impedem a inovação:
- Não saber como inovar (COMO?)
- Não saber onde inovar (ONDE?)
- Não haver colaboração entre as pessoas da empresa (QUEM?) (aqui eu diria que você pode ter problemas mais sérios…)
- Não dedicar tempo (QUANDO?)
- Não querer correr riscos (ligado ao Como, porém, mais ligado ao QUANTO?$$)
Portanto, se você resolver estes 5 problemas, você estará pronto para inovar? NÃO!!
Por que antes de mais nada, você precisa saber POR QUE inovar? Qual é o seu objetivo (O QUÊ)? E, em cima deste objetivo, é necessário traçar uma estratégia. Assim, tendo um objetivo claro, e uma estratégia clara para atingir este objetivo, todos saberão para onde estão indo. Daí, sim, começamos a lidar com os 5 problemas que impedem a inovação listados acima.
E este objetivo, esta estratégia, devem estar ligados à algum problema do seu cliente, ou a algo que agregue valor para o seu cliente. Empresas naturalmente inovadoras tem o cliente no centro de tudo. E mudam o que for preciso na empresa para atender o seu cliente. É o que chamamos de centralidade no cliente.
Tendo o O QUÊ, e o POR QUÊ claros, vamos trabalhar as demais perguntas.
- Não saber como inovar (COMO?)
Inovar não é inventar. Você não precisa criar algo do zero. Renovar e restaurar são sinônimos de inovar. De acordo com o dicionário Inovar é “fazer algo como não era feito antes”. Portanto você não precisa ser disruptivo para inovar. Você pode fazer inovações incrementais. Dez pequenos aprimoramentos que você fizer em seu processo produtivo, ou de logística, ao final do ano ou da safra darão um belo incremento. Portanto colocar uma caixa de sugestões com estímulos às novas ideias, incentivar a empresa a criar um Comitê de Inovação, e estar aberto a ouvir os funcionários, são ótimos inícios.
- Não saber onde inovar (ONDE?)
Normalmente temos mais ideias do que menos. O ser humano é criativo, ideias é que não faltam. Quando temos muitas possibilidades, precisamos organizá-las para decidir onde inovar. Precisamos listá-las e avaliar o impacto de utilizar estas inovações, ou mesmo de deixar de usá-las. Aqui podemos usar a Matriz GUT para avaliar o impacto de cada possibilidade. Podemos também adaptar a matriz GUT para o seu mercado/ negócio. Desta forma você priorizará as ações de maior impacto e de curto prazo, e ficará claro onde inovar.
- Não haver colaboração entre as pessoas da empresa (QUEM?) (aqui eu diria que você pode ter problemas mais sérios…)
Neste quesito é importante verificar se o problema é “do professor ou dos alunos”. Além de garantir que o objetivo e a estratégia estão claros, a liderança precisa querer inovar, precisa apoiar a inovação. E as definições de quem faz o quê também precisam estar claras para todos da empresa. Muitas outras ações podem ser necessárias aqui, uma análise caso a caso é importante.
- Não dedicar tempo (QUANDO?)
Aqui não preciso nem falar, né? Tudo o que decidimos fazer precisa da gestão do tempo e de dedicação.
- Não querer correr riscos (ligado ao Como, porém, mais ligado ao QUANTO?$$)
De maneira resumida, a clareza dada pelas perguntas acima respondidas: O QUÊ? POR QUÊ? COMO? ONDE? Já ajudam a trabalhar a segurança. E com a lista das ações priorizadas pela Matriz GUT, separamos as ações de curto prazo que precisam ter um projeto e investimento. Aqui os recursos serão investidos, sejam financeiros, humanos, tempo. E, como em todo projeto, os riscos específicos deste projeto com relação aos recursos usados, e demais riscos de mercado, precisam ser pontuados e trabalhados.
Para as ações de médio prazo podemos organizar experimentos com parceiros sem gastar muito. Muitas startups podem desenvolver experimentos nesta área. Aliás, este é o objetivo das startups: procurar um negócio sustentável e escalável. Para as ações de longo prazo, sugiro apenas o monitoramento. Estas inovações podem ser acompanhadas através de pesquisas primárias ou secundárias. Caso você queira aprofundar, sugiro que você leia meu artigo “PASSO A PASSO PARA INICIAR A INOVAÇÃO NA SUA EMPRESA NO AGRONEGÓCIO”. Ali dou detalhes de como trabalhar com a necessidade humana de segurança e como organizar os investimentos nos projetos de inovação.
Quando simplificamos os passos a serem dados através destas perguntas básicas, e utilizamos metodologias já comprovadas, enxergamos melhor o caminho que deverá ser percorrido para tornar a sua empresa inovadora, para começar a implantar a cultura da inovação. Isso te ajudou a começar a inovar na sua empresa no Agro? Me conte aqui ou no f.astolpho@frutoagrointeligencia.com.br.
Inovação e Sucessão
Como empresas familiares do Agronegócio podem inovar
Adotar a cultura da Inovação em uma empresa leva tempo, as vezes anos. Mas começar a implementar esta cultura pode se dar em pequenos passos, pode se começar já. E no Agro, devemos pensar a Inovação em empresas familiares. Cujos fundadores foram empreendedores inovadores há 20 ou 30 anos atrás e agora eles terão de 5 a 10 anos para preparar sua sucessão. Seja com filhos ou parentes, seja uma sucessão com profissionais. Logicamente a prioridade está na gestão, na governança, na profissionalização e na sucessão. E, neste momento da empresa e da vida do fundador, você acha que já tem prioridades mais importantes e deixa a inovação de lado. Até tem vontade, gostaria de fazer, acompanha alguns artigos de startups, mas não consegue inovar.
E você já parou para pensar que a Inovação pode te ajudar neste caminho da sucessão?
Já falamos em artigos anteriores que a Inovação tem a ver com as pessoas, não com hardware ou software. A Inovação ocorre no comportamento das pessoas e não em tecnologias. As tecnologias são ferramentas que simbolizam e auxiliam esta inovação. Quem faz acontecer mesmo são as pessoas. Imagine que para inovar, o líder fundador da empresa precisa mudar o seu comportamento. Ele precisa deixar de ser um comandante e passar a ser uma figura de suporte. Ele não estará mais na empresa para responder a TODAS as perguntas dos colaboradores e ser o centralizador. Ele estará ali para dar suporte no processo de mudança de comportamento e para dar mais autonomia aos seus sucessores e colaboradores na inovação. Os sucessores e colaboradores também precisarão mudar de comportamento. Eles precisarão ser mais colaborativos, intersetorialmente e intrasetorialmente. E também precisarão assumir mais responsabilidades e se comunicar de forma diferente, com mais interações e mais abertura para ouvir.
E não é exatamente isso que uma empresa precisa fazer no processo de sucessão?
Por isso recomendo fortemente que você adote a Inovação como carro-chefe, como o processo prioritário na sua empresa, e que lhe dará o suporte e as ferramentas necessárias para implementar a profissionalização, a melhoria na governança e a sucessão. O processo de sucessão não é fácil. Não é fácil mudar de comportamento. Pensando que, a Inovação é um processo dinâmico, onde as antigas tecnologias são substituídas pelas novas, e que esse processo é denominado de ‘destruição criadora’, enxergamos o valor que o processo de Inovação pode te oferecer no processo de sucessão. Na verdade, novas formas de gestão, de sucessão, já são por si só uma inovação na sua empresa. Com isso você poderá deixar a sua empresa mais preparada para seus sucessores e para a continuidade da mesma.